I like the peace
in the backseat,
I don't have to drive,
I don't have to speak,
I can watch the country side
and I can fall asleep.
(Arcade Fire- In the backseat)
Se tinha algo que gostava de verdade, era a chuva. Deliberadamente. Rostos preocupados, cabelos ao vento, corpos agitados, janelas fechando, olhos ao céu. Escorregões. Árvores vivas chacoalhando seus tentáculos-folhas, a paisagem escorrendo através do vidro do ônibus, as gotas no pará-brisas deslizando pra cima feito espermatozóides. As pessoas em movimento bem como os pássaros, os cachorros e as formigas, buscando um lugar seco pra se esconder. Trombadas. Guarda-chuvas contrastando com a brancura cinzenta, funcionários atrasados, roupas encharcadas, sustos de trovões. Adorava ver tudo se desarticulando, a ordem se desmanchando, a água caindo. Gostava principalmente daqueles que levavam a sério a máxima: quem tá na chuva é pra se molhar. Andavam tranquilos, com um sorriso de redenção, quando não, cantando pululantes. Ás vezes era ele próprio. Admirava a artimanha da imprevisibilidade. Nunca estivera numa enchente, talvez por isso a chuva era sempre uma agradável surpresa que quebrava a rotina. Só não gostava de gotas transformadas em tempestades num copo d'água.
in the backseat,
I don't have to drive,
I don't have to speak,
I can watch the country side
and I can fall asleep.
(Arcade Fire- In the backseat)
Se tinha algo que gostava de verdade, era a chuva. Deliberadamente. Rostos preocupados, cabelos ao vento, corpos agitados, janelas fechando, olhos ao céu. Escorregões. Árvores vivas chacoalhando seus tentáculos-folhas, a paisagem escorrendo através do vidro do ônibus, as gotas no pará-brisas deslizando pra cima feito espermatozóides. As pessoas em movimento bem como os pássaros, os cachorros e as formigas, buscando um lugar seco pra se esconder. Trombadas. Guarda-chuvas contrastando com a brancura cinzenta, funcionários atrasados, roupas encharcadas, sustos de trovões. Adorava ver tudo se desarticulando, a ordem se desmanchando, a água caindo. Gostava principalmente daqueles que levavam a sério a máxima: quem tá na chuva é pra se molhar. Andavam tranquilos, com um sorriso de redenção, quando não, cantando pululantes. Ás vezes era ele próprio. Admirava a artimanha da imprevisibilidade. Nunca estivera numa enchente, talvez por isso a chuva era sempre uma agradável surpresa que quebrava a rotina. Só não gostava de gotas transformadas em tempestades num copo d'água.
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